terça-feira, 23 de maio de 2017

Profissão: uma designer no comércio de móveis

No mês de maio completo um ano de experiência no comércio varejista de Santos, mais especificamente, um ano trabalhando com móveis convencionais e planejados para quartos infantis. Tem sido uma jornada cheia de aprendizados que eu buscava desde que finalizei o curso de design de interiores. Neste post quero compartilhar minhas impressões como designer atuando no comércio de móveis.

Já comentei no blog que uma das possibilidades para quem se forma em design de interiores é trabalhar em lojas de móveis. Além da possibilidade de exercitar habilidades da profissão, como analisar necessidades, pensar layout, ergonomia, planejar mobiliário sob medida, também estamos em contato constante e aprendendo com os clientes, fornecedores, montadores e outros prestadores de serviços que fazem parte do dia-a-dia de um comércio do ramo. Tem sido uma oportunidade para aprender bastante!

Loja Projeto Criança (Santos, SP). Blog Carina Pedro
Loja Projeto Criança (Santos, SP).

1. Dúvidas sobre design: a primeira impressão que tive assim que comecei a atender o público foi que o design de interiores e o design de móveis são áreas profissionais ainda pouco conhecidas. Apesar de existir a percepção da necessidade de tornar o espaço bem aproveitado, confortável e bonito, na maioria das vezes, não há o entendimento de quem é o profissional preparado para atuar nessa transformação. Em geral, as pessoas têm muitas dúvidas sobre construção e disposição de móveis, cores, materiais, sem saber que nós, designers, estamos preparados para responder essas questões e oferecer soluções.

2. Atendimento ao cliente: se tem uma coisa que a gente aprende trabalhando no comércio é escutar as pessoas, reconhecendo os diferentes perfis, necessidades e gostos. Apesar de, no meu caso, o público-alvo ser composto de adultos com filhos, ainda assim recebemos pessoas com diferentes estilos de vida, que nos instigam a exercitar a empatia a todo momento. Muitas vezes nos deparamos com a desinformação sobre design, como comentei acima, nesse caso, precisamos nos esforçar para sermos compreendidos. O retorno do cliente tempos depois é um indicativo de que acertamos no atendimento.

3. Matemática financeira: uma boa venda também depende das formas de pagamento serem interessantes para o cliente e para loja. Há pessoas que se preparam para o momento da compra, guardando dinheiro para pagar à vista e com descontos, já outras preferem o parcelamento com juros. Se por um lado o lojista precisa negociar com seus fornecedores e financiadores para apresentar boas opções, quem está em contato com o cliente também precisa estar com a mão na calculadora e saber negociar. Tenho percebido na prática as vantagens e desvantagens das diferentes formas de pagamento e como o planejamento financeiro pode levar a um bom negócio para ambas as partes, lojista e consumidor.

4. Profissionais envolvidos: antes de trabalhar no comércio de móveis não imaginava quantos profissionais estavam envolvidos no processo, acredito que a maioria das pessoas não saiba também. Para se ter uma ideia, no meu dia-a-dia, estou em contato com o setor comercial das fábricas e seus representantes, responsáveis por nos informar dos preços, prazos, garantias, estoques, informações técnicas dos produtos, etc. Para trazer os produtos das fábricas até o nosso estoque contamos com as transportadoras e até a casa do cliente com os entregadores locais. Também é imprescindível contar com bons montadores, que vão deixar o móvel prontinho para ser usado no ambiente.

5. Projetos não concluídos: uma das coisas mais importantes que tive que lidar nesse último ano foi com a frustração de vendas que não se realizaram e de projetos que não saíram do papel. São diversos os motivos para que isso aconteça, muitas vezes, ligados a contextos que estão fora do nosso poder de ação. Entre as razões que mais aparecem nos feedbacks dos clientes estão os preços dos produtos e os prazos de entrega. Em relação aos prazos, mobiliário tem um tempo específico de produção, seja convencional ou planejado, com poucas opções a pronta entrega. A questão do preço é mais delicada, na minha percepção, a rejeição também pode estar ligada a não valorização do design.

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