terça-feira, 27 de setembro de 2016

Organização de ambientes: 5 dicas de manutenção do espaço organizado

Organizar não é fácil, já manter a organização pode ser ainda mais difícil. Será? Essa questão pode surgir quando o personal organizer finaliza o seu trabalho e, ao visualizar tudo organizado, o cliente fica inseguro quanto às condições reais de manter o espaço e seus objetos nos devidos lugares e com aquele aspecto bacana. Neste post compartilho 5 dicas que podem ajudar nessa manutenção. 

Materiais de organização profissional: gabaritos, rotuladora e saco à vacuo usados por Carina Pedro
Materiais de organização profissional: gabaritos, rotuladora e saco a vácuo. 

O personal organizer possui técnicas específicas para organizar cada espaço e ao mesmo tempo garantir um resultado final interessante de se ver.  Como qualquer serviço personalizado, tudo será pensado e realizado para atender as necessidades dos usuários. Algumas ações se repetem de pessoa para pessoa, como pendurar roupas em cabides, porém, mesmo nesses hábitos comuns, podem existir peculiaridades para as quais buscamos soluções que devem fazer sentido para os usuários. 

A experiência da organização acaba sendo intensa e enriquecedora para ambos os lados. O personal organizer aprimora sua técnica ao entrar em contato com um universo particular, onde poderá intervir e aplicar algo novo. Enquanto o cliente tem a chance de rever a relação com seus pertences e perceber o que realmente vale a pena levar para esta nova fase da vida. Ao final desse processo, será difícil voltar ao cenário de desorganização que existia antes. Para garantir uma boa manutenção compartilho 5 dicas básicas: 

1. Produtos organizadores: a introdução de produtos que ajudam a organizar o ambiente é indispensável. Não queremos abarrotar o espaço de novos itens, por isso a preferência é por manter aqueles produtos que facilitam o ato de armazenar. Entre eles estão os produtos que ajudam a “separar”, como cestos, colmeias, caixas, e os que ajudam a “dobrar”, como os gabaritos. 

2. Etiquetagem: identificar com etiquetas os conteúdos de cestos, pastas, caixas, potes, prateleiras, vai ajudar a relembrar o lugar de cada objeto e facilitar o caminho de volta dos nossos pertences após o uso. Podem ser utilizadas rotuladoras ou qualquer outro material que ajude nessa identificação. 

3. Registro fotográfico: após a finalização da organização o registro por meio de fotos do espaço e do interior dos móveis é uma importante referência para os usuários. Sempre que houver dúvidas as imagens vão ajudar a relembrar o que foi feito. 

4. Treinamento: treinar diariamente sozinho e também com as pessoas que não participaram da organização é mais uma forma de garantir o sucesso da manutenção. Outra possibilidade é contratar o serviço do personal organizer focado em treinamento de pessoas. 

5. Visita técnica: acertar com o seu personal organizer uma visita de retorno é uma boa oportunidade de fazer pequenos ajustes e atualizar a organização. O intervalo de tempo pode ser de seis meses ou a combinar. 

Pode ser que a manutenção da organização do espaço seja mais tranquila para uns e menos para outros. Se a ideia for bem plantada, aos poucos as pessoas que compartilham o espaço vão percebendo os benefícios de manter cada coisa em seu lugar, como a facilidade de guardar e encontrar seus pertences no dia-a-dia, melhor aproveitamento do espaço e do tempo. 

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Livro: organização dos espaços e desenvolvimento das crianças

Muito se tem falado sobre Maria Montessori e o seu método pedagógico aplicado aos projetos de interiores. Como é uma influencia que veio do universo escolar, nada melhor do que entender essa proposta e outras afins lendo o texto de uma educadora infantil. Foi assim que me interessei pelo livro “Sabores, cores, sons, aromas. A organização dos Espaços na Educação Infantil” de Maria da Graça Souza Horn

Livro: "Sabores, cores, sons e aromas", de Maria da Graça Souza Horn
Livro "Sabores, Cores, Sons, Aromas", de Maria da Graça Souza Horn. 

A autora fala no início do livro sobre sua preocupação com as salas de aula de educação infantil no Brasil, no que diz respeito à existência de poucos objetos e de uma organização do espaço ineficiente para o desenvolvimento das crianças. A pesquisadora também deixa claro que de nada adianta a existência desses elementos, se o adulto responsável não entende a importância de incentivar a autonomia das crianças em um espaço pensado para elas. 

Podemos entender melhor o significado dessa autonomia lendo a pesquisa da autora sobre uma escola de educação infantil localizada em Porto Alegre (RS). É muito interessante acompanhar as mudanças que ocorrem nas suas salas de aula, organizadas de modo mais tradicional, aos poucos modificadas por outra concepção pedagógica apresentada pela nova coordenação. Coordenação que, aliás, apresenta sua proposta também intervindo no espaço, tornando-o mais acolhedor para os professores da casa. 

Os relatos dos profissionais envolvidos, ao perceberem na prática como os adultos e as crianças reagem às transformações ocorridas no seu espaço, são importantes fontes de estudo para autora. É perceptível a mudança de comportamento do grupo, que se torna pouco a pouco mais satisfeito com os resultados obtidos. As crianças mais ativas e entretidas com os materiais à disposição na sala reorganizada e os professores mais animados com as novas possibilidades de aprendizagem dos seus alunos.

No livro podemos conhecer também vários teóricos nacionais e estrangeiros que abordam a criação de um espaço organizado que desafie as crianças, promova novos aprendizados e, o mais importante, onde a figura do adulto não é central. Entre eles está Maria Montessori, médica italiana, que pensou num ambiente educativo onde a criança pudesse se movimentar com liberdade e executar várias atividades sem intervenção direta do adulto, desde desenhar até reproduzir as tarefas de uma casa, como cozinhar, lavar, etc. 

Móveis e objetos na altura da criança
Móveis e objetos na altura das crianças (Loja Projeto Criança).

Nessa perspectiva os objetos e os cenários devem ser atraentes de modo que as crianças sintam vontade de interagir, brincar, trabalhar no espaço, com a presença do adulto, mas sem que ele interfira constantemente nas suas escolhas e execução das tarefas. Para isso acontecer, são recomendadas peças de mobiliário em que se destaquem diferentes formas e cores, assim como uma organização adequada para atender as necessidades das crianças, de modo que elas se sintam seguras e confortáveis ao explorar o espaço.

As ideias de Montessori e outras afins, aplicadas nessa escola gaúcha, também servem de inspiração para projetos residenciais em que a criança é o foco. Gostei muito da criação de cantinhos de atividades, onde a criança pode ler, brincar de bonecas, carrinhos, cabana, casinha ou desenho. Hoje em dia, há muitos móveis e objetos à venda no mercado para montar esses cantinhos. Podemos escolher entre diversos modelos de mesinhas, cadeiras, casinhas, estantes, camas, que compõem linhas de móveis infantis, por vezes, denominadas como “montessorianas”.

Sempre acreditei na influência que os espaços e os seus elementos exercem sobre as pessoas. Por esse motivo, o livro da educadora Maria Horn me envolveu bastante do começo ao fim. Saber o quanto as crianças aprendem com os objetos e com a organização do ambiente só confirmou a minha expectativa de que desde muito novos somos sensibilizados pelas coisas materiais que fazem parte do nosso cotidiano e da nossa cultura. Sendo assim, não podemos ignorar a necessidade de pensar com cuidado nos ambientes dos nossos pequenos.

Cama montessoriana
Cama baixa conhecida como "cama montessoriana" (Loja Projeto Criança). 

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Profissão: a relação entre cliente e prestadores de serviços/vendedores

Fiquei interessada em escrever aqui no blog sobre a relação entre cliente e prestador de serviço/vendedor depois que li uma enquete criada pela Ale Garattoni na sua página do Facebook. Além de escrever no seu blog, Ale dá workshops sobre branding e está sempre analisando como as empresas e prestadores de serviços promovem suas marcas. Quem é designer de interiores também precisa saber lidar com essa questão. 

Nas respostas da enquete apareceram muitos relatos sobre situações difíceis vividas em estabelecimentos comerciais e com prestadores de serviços. Também se comentou sobre o comportamento dos clientes. Para Garattoni, o bom atendimento pode garantir o sucesso e permanência de uma marca no mercado mesmo em momentos de crise. Por outro lado, a meu ver, também há clientes que cometem certos abusos e equívocos na hora de consumir um serviço ou produto e poderiam prestar mais atenção nos seus mecanismos de escolha. 

Tratando a questão na área do design de interiores, em que tenho experiência, acredito que quem vende produtos e/ou serviços deve considerar: 

1. Rapidez e facilidade de comunicação com o cliente. Hoje em dia há muitas formas de responder um chamado, tirar uma dúvida, marcar e desmarcar reuniões. O whatsapp tem sido muito usado no dia-a-dia, agilizando os processos.

2. Apresentar soluções personalizadas. Serviços como design e organização só funcionam com um olhar cuidadoso, focado e paciente do profissional para modificar o espaço, conscientizar e transformar comportamentos.  

3. Dar atenção no antes, durante e depois. Sempre se mostrar disposto a escutar, tirar dúvidas e orientar, evitando fazer julgamento prévio ou após o trabalho finalizado, caso o cliente volte a procurá-lo por algum problema. 

4. Ser claro e honesto sobre qualidade e preços dos produtos e/ou serviços, para não criar expectativas falsas e gerar frustrações.

5. Ser discreto e respeitar o cliente. Temos que tomar muito cuidado com o que comunicamos para/sobre o cliente na vida real e nas redes sociais. 

O outro lado da moeda também é super importante, já que nós todos somos consumidores, mas nem sempre somos vendedores. Se colocar do outro lado do “balcão” nos dá uma nova perspectiva. Também tratando essa questão na área de design, aquele que consome produtos e/ou serviços deve considerar:

1. Procurar ser claro ao falar sobre o que procura e espera do produto/serviço. Uma boa comunicação é fundamental para que se atinja o resultado esperado.

2. Estudar e apresentar o orçamento disponível. Dinheiro, mesmo sendo um tabu para muitas pessoas, é o que torna viável a compra de um produto/serviço. Discutir formas de pagamento e planejar com os profissionais envolvidos pode ajudar bastante na concretização de uma proposta. 

3. Pesquisar previamente para escolher melhor. Quando procuramos informações sobre o produto/serviço que estamos interessados, a decisão será feita de forma consciente e crítica e a chance de ficar satisfeito é grande.

4. Conhecer direitos e deveres do consumidor. Garantias, trocas, prazos, tudo que pudermos estar cientes sobre o produto/serviço traz tranqüilidade e evita aborrecimentos no futuro. 

5. Dar um feedback. Sabe aquela história de fazer o orçamento sem compromisso? É possível, mas dar um retorno ao profissional, especialmente quando envolve projeto, é uma consideração bem-vinda. Da mesma forma, quando tudo estiver finalizado. As críticas e os elogios nos ajudam a melhorar o trabalho como um todo. 

Pensar em questões como essas pode transformar nossa forma de vender quanto de consumir serviços e produtos. A ideia é que, por um lado, nos tornemos profissionais melhores, fortalecendo nossa marca e deixando o cliente satisfeito, por outro, que sejamos cada vez mais conscientes na hora de consumir para fazer escolhas acertadas. Essa autoavaliação vale quando estamos de um ou do outro lado do “balcão”.

Foto: materiais de projeto (acervo pessoal). 

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