Ao ingressar na faculdade de História da USP percebi nas primeiras semanas a forte influência da cultura francesa nas aulas, nas conversas com os colegas e no curso como um todo. A Universidade de São Paulo foi construída com a participação dos intelectuais franceses. Fiquei tão preocupada em não saber francês, que pensei em me matricular de imediato em alguma escola de idiomas. Isso veio a acontecer bem depois. Naquele momento, a França estava só começando a fazer parte da minha vida acadêmica.
Foram anos lendo historiadores franceses, seus textos sobre economia, política e cultura, suas diversas interpretações sobre o Brasil. O intercâmbio é imenso e extrapola os muros da universidade, mas foi lá que meu envolvimento com a França começou, principalmente quando passei a frequentar o Museu Paulista, como aluna e admiradora desse patrimônio histórico, também marcado pela influência francesa na concepção dos seus jardins, nas exposições e no trabalho dos seus pesquisadores e docentes.
Quando comecei a pesquisar sobre a história do consumo no mestrado, a cultura francesa e sua presença no Brasil foram o ponto de partida. Um dos historiadores que mais aprecio é o francês Daniel Roche. Dois de seus livros me marcaram muito nesse período de estudos, "História das Coisas Banais" e "A Cultura das Aparências". Ambos despertaram importantes reflexões para o meu trabalho e para compreensão de costumes e hábitos franceses que se consolidaram entre nós, como as modas de vestir, de decorar a casa, de se comportar socialmente, entre outros.
Outra experiência bacana que tive mais recentemente está relacionada aos estudos na área de fotografia. Seria impossível cruzar com a arte do fotógrafo francês Cartier-Bresson e não ter sua visão de mundo como uma referência. Já contei no blog como foi bacana ver suas fotos de perto e saber mais sobre a sua vida e obra. Bresson define de maneira única o que é o registro fotográfico para ele e a relação do fotógrafo com sua câmera. Além disso, seus olhares e técnicas inspiram fotógrafos brasileiros, profissionais e amadores, até os dias de hoje.
Há muitas outras histórias que se entrelaçam e que merecem ser contadas. O livro "França e Brasil: união de culturas" é mais uma contribuição para esse tema. Com textos do historiador e crítico de arte Francisco Alambert, que foi meu professor na faculdade, o leitor poderá saber mais sobre as diferentes fases históricas desse longo relacionamento entre os dois países e, por meio de belas imagens, contemplar importantes influências culturais presentes na vida dos brasileiros.
O dia do lançamento será 13 de abril, com a presença do autor Francisco Alambert, das 18h30 às 21h30, na Livraria da Vila, Alameda Lorena, 1731. Vale ressaltar o ótimo preço da publicação, que poderá ser adquirida no local por R$ 70,00 (setenta reais).